Um possível escândalo envolvendo profissionais de saúde contratados para atuar no Hospital de Emergência de Macapá veio à tona nesta segunda-feira (15), com a deflagração da Operação Sinecura pela Polícia Federal e o Ministério Público Estadual. A investigação aponta que médicos escalados para plantões na capital amapaense recebiam normalmente, mas sequer apareciam para trabalhar, alguns sequer moravam no estado.
Desde abril de 2022, o suposto esquema vinha sendo praticado com a inserção fraudulenta de nomes em escalas de plantão. Enquanto o nome dos profissionais constava nos registros, eles estariam realizando outras atividades, dentro e fora do Brasil. Um dos casos mais graves é o de um médico residente em Santa Catarina que, segundo a PF, veio a Macapá apenas uma única vez desde agosto de 2022, embora continuasse aparecendo regularmente nas escalas do hospital.

Outro exemplo é de uma profissional de Belém (PA), que teria viajado a Macapá apenas uma vez nos últimos dois anos. Em uma das situações, ela chegou em um voo às 13h50 e retornou no mesmo dia, às 18h10, justamente no dia em que estava escalada para um plantão noturno.
A Polícia Federal também descobriu que, em datas em que deveriam estar de plantão, alguns dos investigados estavam em viagens internacionais, como uma ida ao Chile.
Durante a operação, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão: dois em Macapá, incluindo no próprio hospital e na casa de um dos suspeitos, no bairro Buritizal, dois no Pará (Belém e Ananindeua), e dois em Santa Catarina (Concórdia e São José). Nas diligências, os agentes apreenderam R$ 138 mil em dinheiro vivo: R$ 54 mil estavam em Macapá e R$ 84 mil foram localizados em Belém.

Os envolvidos poderão responder pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e associação criminosa.
O nome da operação, Sinecura, remete à expressão em latim que designa cargos públicos ocupados sem que haja a devida prestação de serviço, exatamente o que as autoridades suspeitam que ocorria no Hospital de Emergência.
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